Quando saiu da Microsoft, em agosto do ano passado, o administrador de empresas Osvaldo Barbosa de Oliveira estudava três possibilidades: abrir uma startup, trabalhar para um fundo de venture capital ou ir para outra multinacional. Aos 53 anos, ele havia passado 22 anos na Microsoft e criado sua operação de internet no país. Quando soube que o LinkedIn procurava um presidente para montar um escritório no Brasil, resolveu se candidatar. Fez isso usando o próprio LinkedIn. Tinha um amigo que estava conectado a Jeff Weiner, o CEO da empresa, e pediu para ser apresentado. Foi contratado em novembro.
Que o LinkedIn contrate seu presidente usando a própria rede não significa grande coisa além da confiança da empresa em seu sistema. O que é digno de nota é que esse recurso de contratação está se espalhando rapidamente. Mariana Hatsumura, de 30 anos, usava o site desde 2008. “Mas não dava muita importância”, afirma. “Só entrei porque comecei a receber muitos convites para me conectar.” No ano passado, mudou de ideia sobre a rede. Foi convidada para participar do processo de seleção para uma vaga de gerente de marketing da Microsoft. Foi contratada há oito meses. Agora, diz que passou a publicar suas informações com mais detalhes. “Manter o perfil atualizado é uma excelente vitrine.”
Será este o futuro da contratação?
Pelo menos para parte dos cargos, isso já está acontecendo. “É uma ferramenta essencial para nós”, diz Alexandre Ullmann, gerente de recursos humanos da Microsoft. “Temos preenchido muitas das vagas pelo LinkedIn.” A Microsoft já tem conta corporativa no serviço há dois anos. Hoje, todas as posições publicadas no seu site de carreiras vão também para o LinkedIn. Paralelamente, os recrutadores fazem pesquisas no banco de dados do site para identificar candidatos. Foi numa dessas buscas que eles encontraram Mariana.
O Itaú Unibanco adotou o LinkedIn em agosto passado como método de recrutamento para vagas com perfil mais técnico. “Uma das vantagens é que temos um custo menor para identificar e atrair os candidatos. Temos acesso a eles mais rapidamente”, diz Marcelo Orticelli, diretor de cultura e gente do banco. O sistema é híbrido: combina o uso de consultorias, da equipe interna e do LinkedIn. Mas as proporções estão mudando. “A tendência é diminuirmos o uso das consultorias.”
As empresas de contratação de pessoal dizem não sentir o baque. Algumas nem sequer falam do novo concorrente. Outras se sentem seguras de que a parte mais importante de seu serviço permanece intacta. “Seleção não é só achar pessoas com determinadas características técnicas. Não dá para substituir o olhar humano para avaliar o comportamento”, diz Ricardo Haag, sócio-gerente da Asap. A empresa de recrutamento, inclusive, passou a usar o LinkedIn para identificar candidatos. Porém, pelo menos parte do negócio sofre ameaça. Os bancos de dados de pessoal, construídos com investimento não irrisório, estão virando commodity. No modelo tradicional, eles são alimentados pelo processo exaustivo de conhecer, assediar, pesquisar gente nova. No LinkedIn, as próprias pessoas se inscrevem voluntariamente.
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