Determinadas e independentes, as "mulheres alfa" conquistam cada vez
mais espaço e respeito no mercado de trabalho e na sociedade. No
entanto, assim como um homem alfa não é um “machão às antigas”, uma
mulher alfa não é uma mulher “masculinizada”: ela exerce sua liderança
sem esconder sua feminilidade.
Uma
mulher alfa pode liderar um grupo de homens usando saia e batom, sem
precisar usar agressividade ou se impor – muitas vezes essa liderança é
feita com delicadeza e firmeza.
Ser mulher alfa também não significa abrir mão da vida amorosa, da
família, da diversão – algumas delas preferem sim dedicar-se totalmente à
carreira, mas muitas conciliam o trabalho com o casamento, os filhos e
os amigos. “A mulher alfa é autoconfiante, ativa, de atitude, de luta,
tem um movimento de busca, mas isso não quer dizer que ela seja
necessariamente masculinizada”, explica Valdeci Gonçalves da Silva,
psicólogo e professor de psicologia da Universidade Estadual da Paraíba
(UEPB).
Mas as mulheres alfa ainda encontram um desafio a mais do que os homens
alfa no seu caminho: o preconceito. Afinal, muitos ainda acreditam que a
liderança é uma característica masculina, e as mulheres têm que
trabalhar muito não apenas para alcançar cargos de chefia dentro de uma
empresa, por exemplo, mas também o respeito de seus colegas.
“O preconceito ainda existe, assim como as diferenças salariais para o
mesmo cargo e o número proporcionalmente menor de mulheres em cargos de
chefia (por mais que este número esteja crescendo)”, relata Luciana
Clark, médica oncologista e sócia-proprietária da Evidencias, um empresa
que presta consultoria em gestão e inovação na área de saúde,
farmacoeconomia e ensino à distância. “Porém, este cenário só vai
continuar mudando se nós mulheres não nos acomodarmos, nem nos
conformarmos com situações ‘razoáveis’. Por que não buscar o melhor?”,
diz..
A médica conta ainda que na época da faculdade e no começo de carreira
ela também sofreu preconceito, mas que aprendeu a superar isso buscando o
que era melhor para ela. “Com o tempo a gente aprende a se impor e
deixa de querer agradar a todos (um traço que é incutido nas meninas
desde a infância)!”.
Guerra dos sexos
A ascensão cada vez maior de mulheres alfa na sociedade às vezes pode
causar uma certa crise nos homens alfa. Afinal, acostumados a ser
provedores e protetores, encontrar mulheres determinadas e independentes
pode ser um desafio difícil de lidar. Silva explica que desvalorização
das condutas machistas e a independência das mulheres podem acarretar
uma fragilidade extrema da identidade viril e fazer com que os homens
(especialmente os alfa) se sintam desamparados diante dessas novas
mulheres.
“Diria que o homem vivencia uma mudança de paradigma, de construção de
uma nova identidade. Ele não sabe como agir, talvez, daí, também resulte
a violência contra a mulher, e o aumento dos casos de pedofilia”, diz.
De acordo com o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir, os homens
alfa têm que provar mais fortemente seu potencial frente às mulheres
alfa. “E se são tratados por elas com superioridade, tornam-se homens
irritados e constrangidos. Podem se sentir mais fracos e terem atitudes
exacerbadas de agressividade e serem mais competitivos com elas”, aponta
Cuschnir, que coordena o Gender Group do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicinha da USP, e o Centro de
Estudos da Identidade do Homem e da Mulher-IDEN.
Porém nem todo homem sente-se ameaçado frente a uma mulher alfa. Muitos
já se acostumaram com essas mulheres poderosas e conseguem ou criar
parcerias criativas ou então entrar em uma competição saudável. É o
exemplo de Clarck, casada há 13 anos e sócia de seu marido. Ela afirma
que durante todo o tempo de trabalho junto, nunca houve disputa de poder
entre os dois. “Os homens bem resolvidos e inteligentes enfrentam com
naturalidade e sentem orgulho das parceiras que brilham no mercado”,
aponta.
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