terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Mulheres com postura de líder geram crise entre "machos alfa"

Determinadas e independentes, as "mulheres alfa" conquistam cada vez mais espaço e respeito no mercado de trabalho e na sociedade. No entanto, assim como um homem alfa não é um “machão às antigas”, uma mulher alfa não é uma mulher “masculinizada”: ela exerce sua liderança sem esconder sua feminilidade.

Uma mulher alfa pode liderar um grupo de homens usando saia e batom, sem precisar usar agressividade ou se impor – muitas vezes essa liderança é feita com delicadeza e firmeza.

Ser mulher alfa também não significa abrir mão da vida amorosa, da família, da diversão – algumas delas preferem sim dedicar-se totalmente à carreira, mas muitas conciliam o trabalho com o casamento, os filhos e os amigos. “A mulher alfa é autoconfiante, ativa, de atitude, de luta, tem um movimento de busca, mas isso não quer dizer que ela seja necessariamente masculinizada”, explica Valdeci Gonçalves da Silva, psicólogo e professor de psicologia da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Mas as mulheres alfa ainda encontram um desafio a mais do que os homens alfa no seu caminho: o preconceito. Afinal, muitos ainda acreditam que a liderança é uma característica masculina, e as mulheres têm que trabalhar muito não apenas para alcançar cargos de chefia dentro de uma empresa, por exemplo, mas também o respeito de seus colegas.

“O preconceito ainda existe, assim como as diferenças salariais para o mesmo cargo e o número proporcionalmente menor de mulheres em cargos de chefia (por mais que este número esteja crescendo)”, relata Luciana Clark, médica oncologista e sócia-proprietária da Evidencias, um empresa que presta consultoria em gestão e inovação na área de saúde, farmacoeconomia e ensino à distância. “Porém, este cenário só vai continuar mudando se nós mulheres não nos acomodarmos, nem nos conformarmos com situações ‘razoáveis’. Por que não buscar o melhor?”, diz..

A médica conta ainda que na época da faculdade e no começo de carreira ela também sofreu preconceito, mas que aprendeu a superar isso buscando o que era melhor para ela. “Com o tempo a gente aprende a se impor e deixa de querer agradar a todos (um traço que é incutido nas meninas desde a infância)!”.


Guerra dos sexos

A ascensão cada vez maior de mulheres alfa na sociedade às vezes pode causar uma certa crise nos homens alfa. Afinal, acostumados a ser provedores e protetores, encontrar mulheres determinadas e independentes pode ser um desafio difícil de lidar. Silva explica que desvalorização das condutas machistas e a independência das mulheres podem acarretar uma fragilidade extrema da identidade viril e fazer com que os homens (especialmente os alfa) se sintam desamparados diante dessas novas mulheres.

“Diria que o homem vivencia uma mudança de paradigma, de construção de uma nova identidade. Ele não sabe como agir, talvez, daí, também resulte a violência contra a mulher, e o aumento dos casos de pedofilia”, diz. De acordo com o psiquiatra e psicoterapeuta Luiz Cuschnir, os homens alfa têm que provar mais fortemente seu potencial frente às mulheres alfa. “E se são tratados por elas com superioridade, tornam-se homens irritados e constrangidos. Podem se sentir mais fracos e terem atitudes exacerbadas de agressividade e serem mais competitivos com elas”, aponta Cuschnir, que coordena o Gender Group do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicinha da USP, e o Centro de Estudos da Identidade do Homem e da Mulher-IDEN.

Porém nem todo homem sente-se ameaçado frente a uma mulher alfa. Muitos já se acostumaram com essas mulheres poderosas e conseguem ou criar parcerias criativas ou então entrar em uma competição saudável. É o exemplo de Clarck, casada há 13 anos e sócia de seu marido. Ela afirma que durante todo o tempo de trabalho junto, nunca houve disputa de poder entre os dois. “Os homens bem resolvidos e inteligentes enfrentam com naturalidade e sentem orgulho das parceiras que brilham no mercado”, aponta.

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