De acordo com Julian Birkinshaw, professor de Gestão Estratégica e Internacional na London Business School, em parte, isso se deve ao fato de gestão ser um conceito "amorfo" para a maioria das crianças. Mas também porque nós, os adultos, não costumamos falar e muito menos traçar elogios a esta profissão, acrescenta o professor, em reportagem publicada no site da CNN.
Birkinshaw cita como exemplo uma pesquisa do Gallup sobre a honestidade e ética entre os trabalhadores em 21 profissões diferentes, que revelava que apenas 12% dos entrevistados achavam que os executivos tinham a integridade alta/muito alta. Já 37% afirmavam que esses profissionais tinham uma integridade baixa/muito baixa, ficando atrás de advogados, líderes sindicais, agentes imobiliários, construtores e banqueiros.
O que se pode ser feito em relação a isso? Alguns especialistas gostariam de se livrar da palavra gestor para sempre, favorecendo termos como coach , líder e empresário. Para Birkinshaw, no entanto, seria mais útil reinventar o conceito de gestão, voltando aos princípios originais, e recuperar o significado real da palavra. Segundo ele, é preciso ajudar os executivos a descobrir a melhor forma de administrar, e, ao mesmo tempo, contribuir para que os empregados tenham os gestores que realmente merecem.
Gestão, na definição mais simples do termo, é o ato de reunir pessoas para cumprir metas e objetivos pré- definidos. Mas, diz Birkinshaw, vários aspectos são deixados de lado nesta definição: não há menção de planejamento, organização, recursos humanos, controladoria ou orçamento, nem menção de empresas ou corporações, e absolutamente nada sobre a hierarquia e burocracia.
— Este é, precisamente, o ponto. A gestão é um esforço social, onde as pessoas se juntam para alcançar metas que não poderiam alcançar sozinhas — ressalta o professor.
Ao longo do século passado, ressalta ele, a gestão se transformou em algo mais restrito e pejorativo. Os gerentes são muitas vezes vistos como burocratas de baixo nível que estão focados internamente, absortos em detalhes operacionais. Segundo ele, uma das razões para ter ocorrido uma mudança na percepção do termo é que nossa maneira de pensar e falar sobre a gestão é baseada na forma secular daquela praticada em grandes empresas industriais.
Para abrir espaço para a liderança, especialistas se sentiram obrigados a diminuir o papel da gestão. John Kotter vê os gestores como sendo os que planejam, cuidam do orçamento, organização e controle, enquanto os líderes definem a direção, gerenciam mudanças e motivam as pessoas. Resumindo, liderança é um processo de influência social: ela está preocupada com os traços, estilos e comportamentos dos indivíduos que faz com que os outros a segui-los. Gestão é o ato de reunir pessoas para atingir os objetivos desejados.
— Todos nós precisamos ser líderes e gestores. Precisamos ser capazes de influenciar os outros através de nossas ideias, palavras e ações.
Para aqueles que pensam em se tornar gestores — ou líderes — algum dia, Birkinshaw sugere um olhar mais crítico e aponta os quatro principais passos a serem seguidos:
— Entendimento — Você precisa ser explícito sobre os princípios de gestão que você está usando para administrar sua empresa. Estes princípios são invisíveis e, muitas vezes, entendidos apenas em um nível subconsciente. Mas são eles que dirigem os processos do dia a dia e as práticas de gestão através do qual o trabalho deve ser feito.
—Avaliação — Você precisa avaliar se os princípios de gestão da sua empresa são adequados para o ambiente empresarial no qual você está trabalhando. Existem riscos associados com quaisquer princípios que sejam empregados, de modo que você precisa entender os prós e contras de cada um para que você fazer sua escolha sabiamente.
—Previsão — É necessário buscar novas formas de trabalho, olhando para exemplos de diferentes empresas e de novos contextos.
— Experimentação — Você precisa estar preparado para experimentar estas novas práticas de uma forma de baixo risco, para ver como eles funcionam.
Infelizmente, afirma o professor da London Business School, ainda não há uma receita de bolo para que reinventemos o processo de gestão. Além dos passos sugeridos acima, há tantas outras coisas que podem ser aprendidas com os erros cometidos por empresas em dificuldades ou pelo sucesso de outras. A escolha certa depende inteiramente das circunstâncias específicas, das oportunidades que sua empresa enfrenta e da sua vontade de experimentar, de inovar.
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