O barril de chope está se tornando o novo bebedouro em algumas empresas. Esse pelo menos é o caso de companhias como a agência de publicidade Arnold Worldwide, onde os funcionários se aglomeram ao redor de uma máquina de vender cervejas – apelidada de Arnie – depois de o término de um dia de reuniões com clientes. Enquanto bebem garrafas de cervejas artesanais, eles trocam ideias e conversam, normalmente ficando até mais tarde no escritório, em vez de ir para um bar próximo.
Muitos escritórios oferecem comida de graça para seus funcionários, mas uma vez que o expediente de várias empresas de tecnologia e mídia se alonga para depois do happy hour, mais companhias enchem a geladeira de cerveja, instalam bares internos e barris de cerveja digitais ou até usam o talento de engenharia para criar máquinas futuristas de bebidas.
O benefício, dizem as empresas, ajuda a atrair talento, integrar funcionários de diferentes áreas e manter as pessoas dentro do escritório, agora que o limite entre vida social e profissional está se tornando menos nítido.
No entanto, advogados do direito de trabalho se preocupam que encorajar o consumo de bebidas alcoólicas no local de trabalho pode levar à direção embriagada e casos de violência e abuso sexual. Além disso, pode causar desconforto para alguns funcionários e excluir outros, como aqueles que não bebem por motivos de saúde ou religião.
Beber no trabalho sempre foi parte da vida profissional nos Estados Unidos e em outros países, seja uma cerveja com colegas no Reino Unido ou executivos japoneses que entretem clientes em bares de saquê. Mas promover happy hours dentro do escritório é diferente, dizem os especialistas, porque traz atividades pós-expediente para o espaço profissional.
Na companhia de mídia Thrillist Media Group, as equipes frequentemente abrem cervejas no fim de um dia de trabalho e promovem degustações periódicas de bebidas, geralmente patrocinadas pelas marcas de bebida alcoólica que anunciam no site. Permitir que funcionários bebam no trabalho pode até mantê-los por mais tempo nas suas mesas, diz o fundador da empresa, Ben Lerer.
"Somos um grupo de adultos", diz Lerer. "Não me importo se você abrir uma cerveja na sua mesa, ficar até mais tarde trabalhando e tendo prazer ao mesmo tempo." Além disso, ele diz que há alternativas não-alcoólicas. Mas se um funcionário começar a ficar bêbado, ele diz "Vá para casa".
Jay Chinthrajah, um líder técnico do Thrillist e corredor profissional no tempo livre, geralmente prefere refrigerante no lugar da cerveja. Colegas de trabalho às vezes se perguntam o porquê, diz ele, mas as reuniões têm mais a ver com "a experiência de sair da sua mesa e interagir com outras pessoas".
Algumas empresas apostam na bebiba grátis como uma forma de sinalizar para seus profissionais, disputados no mercado, que a empresa tem um perfil menos corporativo e tradicional. O site de recrutamento da companhia de hospedagem de arquivos Dropbox, por exemplo, anuncia suas "Sextas de Whisky" logo depois de benefícios como planos de saúde e dentário. (Um porta-voz da empresa não quis comentar.)
As sessões de bebida dentro do escritório parecem acontecer principalmente em ambientes de trabalho em cidades onde os profissionais são, no geral, jovens e solteiros.
Em um momento em que empresas de tecnologia particularmente são criticadas por terem pouca diversidade, pesquisadores dizem que beber no escritório pode desmotivar qualquer um que não se encaixe nesse estilo, como pais ou aqueles que visões religiosas fortes, além de alcoólatras em recuperação.
"São práticas bem intencionadas, mas eles podem causar desconforto", diz a professora de Wharton, Nancy Rothbard, que estuda socialização no ambiente de trabalho.
Na pesquisa, Rothbard descobriu que eventos sociais no trabalho, como happy hours, aumentam a integração entre determinados grupos de funcionários – como homens brancos jovens – mas costumam deixar aqueles que são diferentes menos confortáveis.
"Pessoas de outros grupos raciais não tinham uma experiência tão positiva nesses eventos", diz ela. "Eles se sentiam quase na obrigação de participar".
Christina Wallace, diretora do Startup Institute, de Nova York, diz que a cultura de fraternidades universitárias de algumas startups pode ser um desmotivador.
"Ser uma empresa predominantemente formada por homens brancos e ter um barril de chope do lado da mesa de ping pong, pode ser muito desestimulante", diz.
Problemas de responsabilidade também são muitos. Se as empresas servem álcool e algo acontece como consequência disso, a empresa pode correr riscos, diz o advogado de trabalho Craig Annunziata, apesar de parte do risco poder ser coberto por seguro. "Eu não vejo muitas vantagens de ter álcool no ambiente de trabalho", afirma.
Ainda assim, dizem os partidários, beber um pouco no trabalho pode ajudar funcionários a se integrarem e fazê-los se sentir apreciados, especialmente quando eles precisam trabalhar muitas horas para completar um projeto ou construir uma empresa do zero.
"É um jeito muito fácil de manter funcionários engajados", diz Paul Roman, um professor de sociologia da Universidade de Georgia que estuda a prática de beber no ambiente de trabalho. "Você não precisa sair e pagar oito dólares numa cerveja premium, você pode beber de graça dentro da empresa".
Algumas empresas estão incluindo o barril de chope no expediente. Funcionários do site de resenhas Yelp e do site de classificados Zillow passaram recentemente por períodos de "hackathon" desenvolvendo barris controlados por tablet. Na Zillow, o barril cria contas individuais para os usuários e tira fotos de funcionários quando eles pegam cerveja, diz Christopher Roberts que ajudou a desenvolver o "kegbot" (da mistura em inglês de "keg", barril de chope, e "bot", de "robot", ou robô).
Empresas também estão mantendo o olho no que os funcionários consomem.
A Arnold Worlwide não é exatamente a agência de publicidade regada a álcool que aparece no seriado "Mad Men": os funcionários ganham entre três e cinco créditos para bebidas por mês, e os gerentes podem distribuir mais recompensas para seus subordinados.
"É o suficiente para passar o mês", diz Matt Karolian, um analista de mídias sociais que ajudou a desenvolver o Arnie.
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