Depois de fechar um negócio de US$ 25 milhões com a Sony, Anne Kreamer, vice-presidente sênior do canal a cabo infantil Nickelodeon, recebeu um telefonema de Sumner Redstone. Era a primeira vez que o presidente do conselho e acionista majoritário da controladora da Nickelodeon, a Viacom, lhe telefonava.
"Eu estava esperando tapinhas nas costas e parabéns. Em vez disso, fui massacrada. Ele gritou comigo por 90 segundos", diz Kreamer. Ela julga que Redstone, que na época planejava adquirir a Paramount Communications, esperava que a ação da Viacom desse um salto como resultado do acordo com a Sony. Isso não aconteceu. Ela chorou depois de desligar o telefone.
"Foi uma reação totalmente natural nas circunstâncias. Percebi que foi Redstone quem teve um comportamento inadequado", diz Kreamer, que contou essa história em um livro que escreveu mais tarde sobre as emoções no local de trabalho: "It's Always Personal" ("É Sempre Pessoal").
"Se eu soubesse o que sei agora, não teria sentido vergonha da minha atitude", diz ela. "Ninguém deveria."
Se você chorar ou perder a compostura, seja porque foi acusado de algo que não era culpa sua ou foi alvo da raiva de um cliente irritado, há um estigma associado às respostas emocionais no local de trabalho que obriga muitos executivos a simplesmente reprimir seus sentimentos.
Estudos já demonstraram o resultado nada saudável do que os especialistas chamam de "supressão emocional": é algo que turva o raciocínio, promove a infelicidade no trabalho e tem um impacto negativo sobre o desempenho. É por isso que os especialistas dizem que é importante que os funcionários entendam bem quais são os "gatilhos" que provocam reações emocionais, de modo que suas respostas — mesmo em casos mais extremos — possam ser antecipadas e administradas, com resultados mais produtivos.
O problema é que as pessoas tendem a "pegar" as emoções fortes umas da outras, como se fossem vírus. É o chamado "contágio emocional", e pode ser uma resposta instintiva imitar essas emoções fortes, diz Sigal Barsade, professora de administração da Escola Wharton, na Pensilvânia, que pesquisa a influência das emoções nas organizações.
Ela recomenda que o funcionário considere, em primeiro lugar, qual é o seu lugar na hierarquia, e exerça o autocontrole de uma forma apropriada.
Não desabafe no trabalho. Peça licença, se necessário, e vá para casa. Confie na sua rede pessoal de contatos, em um terapeuta ou um mentor que possam lhe dar alguns conselhos objetivos. Você também pode tentar escrever sobre o incidente a partir do ponto de vista do antagonista. Parar para refletir lhe permitirá esfriar, desconstruir o problema e encontrar formas de avançar compreendendo por que seu antagonista agiu daquela maneira.
Se você está constantemente lutando contra fortes emoções no trabalho, reflita se você realmente se encaixa nessa empresa, já que cada organização tem uma cultura emocional diferente, diz Barsade. "O que é aceitável expressar ou suprimir varia muito de lugar para lugar. Na Southwest Airlines reina a cultura do amor, onde se espera que você mostre emoções positivas. A American Airlines tem uma cultura emocional mais rígida. Trabalhar no lugar errado pode ter um custo emocional."
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