Por meio de uma placa, um estabelecimento comercial faz questão de expor sua missão:
“Agradamos sempre a clientela. Você é a nossa missão!”
De acordo com o Dicionário Prático de Regência Verbal, de Celso Luft, usar o verbo “agradar” como transitivo direto é sintaxe geralmente impugnada por muitos gramáticos e puristas. Com a evolução da Língua, o uso de tal verbo, sem o auxílio da preposição, remete a “acariciar”, “amimar”, “afagar”, como assim também aponta o próprio Dicionário Aurélio.
Sempre presente em concursos públicos e em nosso cotidiano, o verbo agradar admite três possíveis usos, mais comuns, de acordo com os conhecimentos regenciais:
1º. Agradar, no sentido de “ser agradável”, “aprazer”, “satisfazer”, é transitivo indireto; exige a preposição:
“O serviço daquela empresa agradou A todos os clientes.”
2º. Agradar, no sentido de “amimar”, “acarinhar”, é transitivo direto; não exige a preposição:
“Por ser bom pai, não deixava de agradar o filho benquisto.”
3º. Agradar, no sentido de “enamorar-se”, “simpatizar”, é verbo pronominal; possui o auxílio da preposição “de”. Vejamos um trecho escrito por Raul Pompeia:
“Agradou-se da criança abandonada, tomando-a para criar; tanto se agradou da moça que lhe propôs casamento.”
Em respeito a tais preceitos gramaticais, a placa do estabelecimento comercial deveria ter utilizado o verbo como transitivo indireto, auxiliado pela preposição “a” (já que não se subentende que cliente não deve ser acariciado).
Além disso, deveria ocorrer o uso do acento grave, sinalizando a fusão entre tal preposição e o artigo definido feminino singular que determina “a clientela”. Em suma, eis a missão:
“Agradamos sempre à clientela. Você é a nossa missão!”
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