quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Como chegar ao topo

Aplicar o conhecimento adquirido em MBAs, livros, seminários e cursos à rotina de trabalho é um grande desafio no mundo corporativo. A conclusão vem das minhas três décadas de experiência em recursos humanos e treinamento. Nos últimos anos, o Brasil avançou na gestão de pessoas. Novas exigências de competitividades estimularam os profissionais a aumentar o volume de conhecimentos gerais, tornando-se mais flexíveis e multifuncionais.

As empresas identificam casos de sucesso, mas patinam na definição do modelo de executivo para suprir as próprias necessidades. A demanda de problemas internos muda de acordo com a economia e os resultados da companhia. Cada situação exige um determinado perfil de profissional. MBAs e cursos de pós-graduação são práticas necessárias para a atualização das técnicas de gestão, mas insuficientes para o rol de competências que o executivo deve ter. A dificuldade está na transposição para o dia a dia empresarial do conjunto de conhecimentos teóricos adquiridos. Embora inúmeras competências exigidas pelas empresas sejam semelhantes, não dá para criar uma receita de gestão.

As companhias não são iguais. Pesquisas realizadas em grandes corporações indicam que o caminho não está na avaliação da grade curricular das universidades. As companhias devem observar nos próprios quadros os executivos excelentes, e extrair deles as informações relevantes para municiar outros profissionais da organização. A armadilha em que as empresas mais caem é a escolha de técnicos para atuar como gestores. Muitos são excelentes em suas áreas, mas têm poucas competências humanas e estratégicas. Perde-se um ótimo técnico e se ganha um péssimo gerente.

Há seis passos que transformam um executivo em um bom gestor. A primeira atitude é estabelecer o compromisso entre o que espera ser feito e o que os subordinados pretendem fazer. A equipe deve estar consciente da própria responsabilidade. A segunda é saber utilizar as diferenças individuais, de modo que o funcionário se sinta valorizado e saiba que pode influenciar as decisões da empresa. A terceira é a gestão de desempenho dos funcionários, feita de forma permanente, com avaliação do período e não apenas de fatos recentes. O foco está no todo e não no detalhe ou pessoa.

A quarta atitude são as formas claras de reconhecimento: a pessoal, composta por elogios e trabalhos bem feitos, e a institucional, representada por uma política salarial e de benefícios bem definida. A quinta envolve o acompanhamento e o desenvolvimento do subordinado. O gerente não pode deixar de exercer o papel de orientador, e deve estar atento aos níveis de maturidade profissional e psicológica dos subordinados, cruzando com as responsabilidades dos cargos. A sexta consiste no estabelecimento dos resultados esperados, ou seja, das metas e das tarefas a serem realizadas pela equipe.

Porém, é preciso ficar atento para que não haja equívocos. Os erros mais evidentes são muitos: acomodação, prepotência técnica - “eu sei tudo da minha área”, autoritarismo - “as pessoas estão na empresa para me servir”, falta de comprometimento - “os sucessos são meus e os fracassos são da equipe”, e ignorância - “sou pago para pensar, quem executa é o subordinado”. Para ter sucesso, o executivo deve lembrar que todo o trabalho é digno, ética e transparência são fundamentais, as pessoas merecem respeito e sempre trazem novidades úteis. Além disso, precisa estar continuamente disposto a aprender.

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