A pesquisa de Coda avaliou mais de 10 mil profissionais de 50 empresas, públicas e privadas, ao longo de 12 anos de treinamentos e mapeamentos para identificar quais são os perfis mais presentes nas organizações do país. O resultado foi bastante equilibrado: conquistador (15%), especialista (15%), colaborador (15%), negociador (14%), mantenedor (14%), realizador (14%) e competidor (13%).
E é crescente a busca por profissionais que se encaixem nos perfis competidor, conquistador e realizador. De acordo com Roberto Coda, o motivo está ligado ao contexto atual das empresas, principalmente no setor privado. "O aumento da concorrência local e global, assim como a pressão para inovar, mudar e gerar resultados expressivos, caracteriza hoje um quadro de competitividade e de busca agregação de valor ao negócio. Esses perfis apresentam características comportamentais e competências que os habilitam mais facilmente a entregar os desafios trazidos pelo contexto competitivo", esclarece.
Segundo Michele Gelinski, Consultora de Carreira da Chess Human Resources, hoje as empresas querem ter a certeza de que estão fazendo as melhores escolhas. "Elas estão cada vez mais exigentes em suas contratações, onde podemos perceber que até mesmo os processos seletivos estão sendo mais demorados, buscando profissionais com perfis diferenciados, ou seja, os que mais produzem de fato, e com isso, melhorando a remuneração e até mesmo premiando estes profissionais de diversas formas", observa.
Agora uma pergunta: você está acompanhando essas "tendências" do mercado de trabalho? Sabe quais são as principais características desses perfis mais procurados? Então é hora de se informar e correr atrás de competências que te deixem "no olho do furacão". Veja aqui o que dizem os especialistas sobre cada um dos perfis observados na pesquisa do professor Coda:
Competidor:
"O perfil competidor pauta-se pelo interesse em desafios constantes e no acompanhamento de resultados e desempenho dos processos de trabalho", explica Coda. É muito centrado em resultados, interessado em comparar-se com os outros, voltado a desafios constantes e assertivos. No entanto, segundo Michele, as empresas precisam ter muito cuidado com isso pois existe uma competição saudável e a competição que atinge a equipe. "Pelo fator da competição e por querer se comparar aos demais, infelizmente existem os que para alcançar seus objetivos e pelas comparações, subtraia as informações de uma determinada tarefa que é para ser desenvolvida pelo grupo, e retenha a informação, para que ele se sobressaia entre os demais colegas", pontua a consultora, ressaltando que a competição deve existir, e isso se torna natural nas empresas. "O profissional precisa ter a capacidade de compatibilizar inteligência, experiência e expertise, transformando-as em valores éticos, e que tenha uma visão global mesmo, pensando no resultado como um todo, entendendo as estratégias de sua empresa", avalia.
Conquistador:
Esse perfil, na avaliação de Roberto Coda, se volta para novos desafios, procurando preservar aquilo que obtém para si e para a área e organização em que atua, demonstrando também grande conhecimento do trabalho executado, bem como elevados níveis de produtividade. O porém, de acordo com Michele, é até que ponto o colaborador se adéqua aos desafios que a empresa impõe ao cargo dele. "Temos que avaliar como o profissional reagiu a mudanças que passou em empresas anteriores. A grande maioria das empresas hoje está evoluindo, e consequentemente os profissionais também, por isso, hoje não é só as empresas que escolhem os profissionais, os profissionais estão escolhendo mais onde querem atuar. Esse profissional por ser detentor de conhecimento percebe o quanto é importante saber o que as empresas estão buscando, para poder tirar o máximo de proveito de todas as fontes e promover um amplo compartilhamento desses conhecimentos. Entretanto, observa-se em diversas organizações a ausência de profissionais empreendedores, que tenham a capacidade de realizar, e que não tenham medo de desafios", observa.
Realizador:
O realizador demonstra uma preocupação em fazer coisas acontecerem e de tornar real aquilo que foi planejado. "Ele revela grande capacidade de trabalho e objetividade, além de uma facilidade para delegar atividades e construir equipes de trabalho", explica Coda. Michele Gelinski o define como interessado em tornar real o planejado. "Possui flexibilidade em suas atitudes, objetividade. Esse profissional provavelmente já está em um nível de maior responsabilidade, trazendo soluções para as empresas pela facilidade de delegar tarefas, sabendo aproveitar melhor as qualificações que cada um da sua equipe tem, acreditando no potencial dos colegas, com um perfil mais auto gerenciador", revela. Por essa razão, o grande desafio das empresas no que se refere à gestão do conhecimento, é ter pessoas preparadas para gerenciar de forma inteligente, ordenada, sistematizada e eficaz, tudo que possa agregar valor a empresa.
"Esse profissional também demonstra ser capaz de enfrentar desafios, liderar pessoas, transformar ideias em projetos, e estar disposto a mudar e principalmente de aprender, procurando identificar problemas, e consequentemente vislumbrar oportunidades, pois é uma das características bastante almejada pelas empresas. Também podemos identificar que um dos pontos mais fortes deste perfil realizador é trabalhar com planejamento, e saber tomar decisões corretas. Porém a tomada de decisão precisa ser assertiva, pois é um momento muito crítico, caso contrário pode causar sérias consequências para a organização", revela a consultora.
Roberto Coda ressalta que a metodologia MARE (que avalia as orientações M - Mediadora, A - Analítica, R - Receptiva e E - Empreendedora) tem apresentado bons resultados em sua atualização, principalmente como suporte à gestão de pessoas baseada em competências. "Embora os modelos de competências adotados contemplem prioritariamente competências profissionais (associadas ao desempenho no cargo) e organizacionais (associadas à natureza do negócio), a metodologia MARE representam uma forma de identificar e avaliar as competências comportamentais inerentes a cada empregado, deixando claro quais as competências profissionais ele apresenta maior possibilidade de entregar efetivamente", explica o professor.
O especialista ainda destaca: "No setor privado esta metodologia já vem sendo bem aplicada e agora tem se expandido muito também no setor público, isso porque este segmento não apresenta perfis mais empreendedores. De acordo com nossa avaliação ao longo de 12 anos, os servidores públicos apresentam, em sua grande maioria, os perfis colaborador, negociador e mantenedor".
A abordagem vem sendo utilizada por empresas interessadas no desenvolvimento de equipes, na fixação de metas e objetivos, avaliação de desempenho e de produtividade e, principalmente para orientação de processos sucessórios e escolha de lideranças. Mas não são só as companhias que de beneficiam. "Sob o ponto de vista do empregado, a metodologia auxilia na identificação de potencial, orientação dos esforços de treinamento e de desenvolvimento e, principalmente na alocação de cargos e tarefas que respeitem as características naturais de cada perfil identificado", avalia Coda.
Ficou curioso e quer saber sobre os outros perfis encontrados na pesquisa? Confira aqui:
- Especialista: interessado em executar atividades de maneira cuidadosa, voltado a processos e desafios com resultados contínuos, racional e que busca o melhor em sua área de atuação;
- Colaborador: focado no bem-estar das pessoas, voltado à qualidade do processo, busca ajudar aos demais e constante aprendizado e inovação;
- Negociador: interessado em realizar trocas vantajosas, voltado para geração de resultados, com facilidade de mudar a opinião alheia e capacidade de estabelecer parcerias;
- Mantenedor: que garante a continuidade das ações, voltado a identificar talentos de forma organizada e sistêmica, reconhecido por cautela, persistência, método e com rigor no processo decisório.